A presença de marcas asiáticas no Brasil tem se intensificado nos últimos anos. Nomes como Shopee, Temu, Kwai Shop e Meituan estão se tornando comuns aos olhos dos consumidores nacionais. Esse movimento não acontece por acaso. Mais do que traduzir campanhas ou replicar estratégias globais, essas companhias enxergam um grande potencial no país e, por isso, se esforçam para compreender e dialogar com os brasileiros. No geral, a conexão Ásia-Brasil está mais fortalecida do que nunca.

É o que explica David Vianna Bydlowski, CEO da Rosh, em entrevista a reportagem do E-Commerce Brasil. De acordo com o executivo da agência digital especializada no aculturamento de marcas globais ao mercado do Brasil, criar espaços de comunidade e diálogo são ações vistas como parte crucial do processo de construção de marca no país.
“É essencial entender o comportamento, a linguagem e a forma como o brasileiro se relaciona com as marcas, especialmente estudando no micro as particularidades da persona com quem se falará”, explica.
Comunicação adaptada e proximidade como ativos 5v2i67
A comunicação é um dos pontos que mais demandam ajustes. Plataformas como Instagram e Facebook, ausentes no ambiente digital chinês, são essenciais no Brasil. A adaptação, no entanto, não implica em descaracterização. “A essência da brand persona não sofre uma mudança drástica, mas a forma de transmitir os valores da marca precisa estar alinhada ao jeito brasileiro de se comportar online”, afirma o diretor.
Mais do que tropicalizar a linguagem, o trabalho a por posicionar a marca como especialista nos gostos e interesses de seus consumidores no Brasil. Um exemplo de adaptação é o que é feito por marcas com o público gamer, como a Nintendo. “Não basta falar dos atributos de um eletrônico, é preciso mostrar que a marca entende do universo geek como um todo. Isso gera identificação e fidelidade”, diz Bydlowski.

Confiança e desafios 2k76a
Ao contrário do que muitos imaginam, não há uma necessidade de “esconder” a origem chinesa para conquistar o consumidor local. De acordo com o CEO, o público brasileiro valoriza tecnologia e qualidade — mesmo quando vindas do exterior. “O que o brasileiro espera de volta é proximidade: presença física, e em português e canais íveis de atendimento”, complementa.
No caso das marcas chinesas fora os grandes e-commerces, o maior obstáculo ainda é enfrentar o “mercado cinza” e educar os consumidores sobre a importância de comprar de canais oficiais. A resposta tem sido um trabalho constante de monitoramento de interações e construção de autoridade nas redes.
Em termos de operação, a gestão ainda depende fortemente da matriz chinesa, especialmente na aprovação de conteúdos e estratégias. Mesmo assim, o papel dos parceiros locais é considerado indispensável. “Contar com agências com conhecimento cultural geolocalizado é fundamental para adaptar a comunicação ao contexto de cada país”, pontua Bydlowski.
Esse aprendizado no Brasil, especialmente em relação à gestão de comunidade, já começa a influenciar decisões estratégicas da marca em outros países da América Latina. “O Community management é inegociável. As pessoas compram de marcas que escutam, entendem seus interesses e estão abertas à troca”, conclui.